Prince Christian Sound
Ikerasassuaq

O Estreito do Príncipe Cristiano (Prince Christian Sound), Ikerasassuaq na língua nativa, é uma hidrovia natural no extremo sul da Groenlândia que liga o Mar de Irminger a leste ao do Labrador a oeste, no extremo setentrional do Atlântico Norte, separando a grande Ilha da Groenlândia do Arquipélago do Cabo Farvel, Nunaap Isua em groenlandês, ao sul. A hidrovia tem cerca de 100km de extensão e em alguns trechos apenas 500m de largura e é formada pelo próprio Prince Christian Sound, que lhe dá o nome e se estende de leste a oeste ao norte do arquipélago, e pelo Fiorde Torsukattak, que segue a direção norte-sul, a oeste.



Partindo de Reykjavik, Islândia, depois de uma noite, um dia e uma noite, ao amanhecer do terceiro dia, 6 de agosto de 2023, o MSC Poesia chegou à entrada leste do estreito, no Mar de Irminger, coberta por um denso nevoeiro e com alguns growlers – pequenos pedaços de gelo flutuando, pequenos icebergs.

Vista panorâmica 360° do início da travessia do Prince Christian Sound.












Passada cerca de meia hora, o nevoeiro ficou para trás e pôde-se apreciar toda a imponência da paisagem, com suas montanhas, glaciares, penhascos e cachoeiras, sob um céu azul com umas poucas nuvens brancas, tudo se refletindo num espelho d'água azul-turquesa,  pontilhado de growlers e bergy bits – pequenos pedaços de gelo flutuante com menos de 5 m acima do nível d'água.

Ao longo do percurso por entre os penhascos graníticos ainda parcialmente cobertos de gelo, há um desfile de geleiras, cachoeiras, fiordes laterais, pequenas enseadas e... eventualmente, outros navios. A hidrovia só é navegável durante cerca de três meses ao ano, no verão, quando há menos banquisa (superfície da água do mar congelada) e menos icebergs. Neste início de agosto há poucos icebergs, mas o navio segue lentamente porque sempre é preciso cuidado e, além disso, essa é uma travessia cênica para apreciar a paisagem, fotografar e... relaxar. 




Vista panorâmica de uma ramificação, um fiorde lateral – Kangerluk




















Essa  é  uma cachoeira  inusitada,
porque é formada por uma geleira.

Quando se iniciou a travessia a sensação de frio era bem mais intensa por causa do nevoeiro, mas horas depois já estava mais agradável. A região tem um clima de tundra com influência marítima, que o torna mais ameno por causa das correntes quentes do Atlântico. Embora a máxima possa ultrapassar os 15°C, nesse dia chegou a 13°C, a média do mês mais quente é inferior a 10°C, o que deixa a região acima da linha de árvores; a isoterma de 10°C de julho abrange toda a Groenlândia. A superfície dos rochedos, íngremes e escarpados, é em geral desnuda, mas pode-se ver aqui e ali musgos, líquens e plantas rasteiras.

Mais ou menos no meio do percurso o sistema de fiordes se ramifica com vários braços e o navio faz uma série de curvas em sequência. Essa é a parte mais bonita da travessia.

MS Zaandam – Há uns quinze anos também cruzei com um desses navios preto e branco, característicos da Holland America, em uma situação parecida: em frente ao Glaciar Hubbard, no Alasca.

Após umas quatro horas e meia navegando na direção Leste-Oeste, chegou-se ao Fiorde Torsukattak e passou-se a navegar em direção ao Sul até sair, cerca de duas horas depois, no Mar do Labrador e seguir rumo Norte em direção a Ilulissat, na Baía de Disko.







Mapa interativo com registro de GPS da travessia do Prince Christian Sound e a localização das fotos.

Nota: Devido à imprecisão dos dados de altitude por GPS, especialmente em vales, o gráfico de altitudes e o ganho de elevação carecem totalmente de qualquer significado. Como não é registro de nenhum exercício físico, as informações sobre ritmo médio e calorias, obviamente, não tem sentido: são meros produtos de cálculo do programa, que, como é voltado para o uso em atividades físicas, não permite ocultá-los.


A travessia do Prince Christian Sound em vídeo postado no meu canal do YouTube Lugares.





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